Fotos: Wender Correa
Talvez não tenhamos muito a comemorar neste dia. Os
recursos hídricos estão em crise e o panorama atual é tanto desolador, haja
visto que a degradação do meio ambiente terrestre afeta diretamente sobre o
meio aquático. Porém, nem tudo está perdido, é possível realizar ações para que
este panorama siga rumos favoráveis.
Uma dessa ações é apresentada nesta data à sociedade
através do projeto Remansos (Revitalização do Rio Miranda).
A parceria entre o Ministério Público Estadual, através da
Promotoria de Justiça da Comarca de Jardim com a Prefeitura Municipal de Jardim
e o Instituto Guarda Mirim Ambiental, fundado no dia 27 de março de 2017 e
declarado de utilidade pública em novembro de 2018. O instituto é visto com
bons olhos por atuar efetivamente em defesa da preservação do Rio Miranda, como
também por se trata de uma instituição de grande alcance sócioambiental, com
ênfase em Educação Ambiental, com participação significativa da sociedade
local.
A metodologia do projeto foi baseada na observação, coleta
e análise de parâmetros que traduzem a situação do rio. Desta forma, são
apresentadas medidas de revitalização de caráter amplo, visando incentivar a
inclusão de projetos de recuperação através de parcerias entre ONGs, Poder
Público e a Comunidade para que as cinco metas propostas no projeto sejam
atingidas.
Por fim, o PROJETO REMANSOS (Revitalização do Rio Miranda)
é uma resposta à sociedade no que diz respeito à conservação e preservação dos
recursos naturais e essenciais à Vida. A pretensão em si consiste em reabilitar
o ambiente nas áreas de influências com objetivo de então torná-lo apto à Vida,
assegurando e garantindo ao mesmo o seu curso natural.
A sociedade anseia que o meio ambiente possa e deva ser
preservado a qualquer custo. Este anseio nasce quando as pessoas se deparam
muitas vezes quando o ambiente ao seu arredor, aquele mais próximo, está
degradado a ponto de fazer brotar uma força, ou vontade de fazer algo pelo rio.
Esta vontade também nasce quando há uma parte de “culpa” por parte dessas
pessoas em ter permitido acontecer a perda dos ambientes. Há também a questão
do valor estimativo, sentimental e cultural. Talvez estes valores seja o mais
importante para a sociedade local. Lembranças de um tempo em que os ambientes
naturais eram preservados a ponto de guardar na memória capítulos de infância e
mocidade feliz desfrutada em tempos idos.
A relação de Jardim com o Rio Miranda remonta à saga histórica Retirada da Laguna que durante o retorno das terras paraguaias soldados brasileiros transpuseram o rio para então poder alcançar a sobrevivência advindo da fome, guerra, doenças e ataques. Muitos homens e soldados puderam ter uma morte digna chegando à margem esquerda do rio, onde hoje se localiza o monumento histórico denominado Cemitério dos Heróis. Poucos conseguiram transpor o Rio Miranda e chegar à margem direita onde se localizava a sede da fazenda do Guia Lopes, célebre personagem da retirada, pois o episódio acontecera em época de cheia, tornando o leito do rio praticamente intransponível.
A relação de Jardim com o Rio Miranda continua quando funcionários da 3ª Companhia de Estrada de Rodagem (CER 3), juntamente com a sociedade local decidem construir a cidade à sua margem esquerda. E assim depois de praticamente passado cerca de duzentos anos a relação com o Rio Miranda ainda existe, assim como sempre existirá.
O momento é agora. Não há espaço e tempo para discutir a
quem caberá a culpa ou responsabilidade em relação ao panorama atual. É
preciso, possível e necessário o empenho da sociedade em fazer, de forma
efetiva, ações concretas que possam contribuir para que esses ambientes
antropizados consigam iniciar um processo de revitalização e recuperação
natural a partir de execução de ações mitigadoras que possam favorecer o
processo.